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Palácio da Pena |
O Palácio Nacional da Pena, popularmente referido apenas por Palácio da Pena, localiza-se na vila de Sintra, no distrito de Lisboa. Representa uma das melhores expressões do Romantismo arquitectónico do século XIX no mundo, constituindo-se no primeiro palácio nesse estilo na Europa, erguido cerca de 30 anos antes do carismático Castelo de Neuschwanstein, na Baviera. Em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete maravilhas de Portugal.
Inicialmente começou com a construção de uma pequena capela sob a invocação de Nossa Senhora da Pena, mas no século XVI, foi reconstruida de raiz. Doada à Ordem de São Jerónimo, foi determinada a construção de um convento de madeira, substituida, mais tarde, por um edifício de cantaria.
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Palácio e jardins |
Com o terramoto de 1755, o convento ficou em ruínas. Apenas a zona do altar-mor, na capela, com um magnífico retábulo em mármore e alabastro atribuído a
Nicolau de Chanterenne, permaneceu intacta.
No século XIX a paisagem da serra de Sintra e as ruínas do antigo convento maravilharam o Rei D.Fernando II de Portugal. Em 1838 este decidiu adquirir o velho convento, a cerca envolvente, o Castelo dos Mouros e quintas e matas circundantes, promovendo diversas obras de restauro, com o intuito de fazer do edifício a sua futura residência de Verão. O novo projecto foi encomendado ao mineralogista germânico Barão von Eschwege, arquitecto amador. Homem viajado, Eschwege, que nascera em Hessen, deveria conhecer, pelo menos em forma de projecto, as obras que Frederico Guilherme IV da Prússia empreendera nos Castelos do Reno, tendo passado em viagem de estudo por Berlim, Inglaterra e França, pela Argélia e por Espanha (Córdova, Sevilha e Granada).
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Salão Nobre |
Em Sintra, os trabalhos decorreram rapidamente e a obra estaria quase concluída em 1847, segundo o projecto do alemão, mas com intervenções decisivas ao nível dos detalhes decorativos e simbólicos do Rei. Muitos dos detalhes, nos planos construtivo e decorativo, ficaram a dever-se ao ecléctico e exótico temperamento romântico do próprio monarca que, a par de arcos ogivais, torres de sugestão medieval e elementos de inspiração árabe, desenhou e fez reproduzir, na fachada norte do Palácio, uma imitação do Convento de Cristo em Tomar.
Em 1889, o Palácio passou para o património nacional português, integrando o património da Coroa.
Com a implantação da República Portuguesa, foi convertido em museu, com a designação oficial de Palácio Nacional da Pena.
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Sala Árabe |
Quase todo o Palácio assenta em enormes rochedos, e a mistura de estilos que ostenta (neogótico, neo-manuelino, neo-islâmico, neo-renascentista, com outras sugestões artísticas como a indiana) é verdadeiramente intencional, na medida em que a mentalidade romântica do século XIX dedicava um fascínio invulgar ao exotismo.
A concepção dos interiores deste Palácio para adaptação à residência de verão da família real valorizou os excelentes trabalhos em estuque, pinturas murais em "trompe-l'oeil" e diversos revestimentos em azulejo do século XIX, integrando as inúmeras colecções reais em ambientes onde o gosto pelo bricabraque e pelo coleccionismo são bem evidentes.
Destacam-se ainda:
- a Sala dos Veados, ampla e cilíndrica, com uma larga coluna como eixo, atualmente utilizada para exposições;
- a Sala de Saxe, onde predomina a porcelana de Saxe;
- o Salão Nobre, onde estuques, lustres, móveis e pedaços de vitrais variam do século XIV ao século XIX, e onde se misturam elementos maçónicos e rosacrucianos;
- o Atelier do Rei D. Carlos, estúdio com telas pintadas por D. Carlos
- o Terraço da Rainha, de onde melhor se pode observar a arquitetura do Palácio, o Relógio de Sol com um canhão que disparava ao meio-dia
- o Claustro Manuelino, parte original do antigo mosteiro do século XVI revestido de azulejos hispano-árabes (c.1520)
- a Capela, parte original do antigo mosteiro dos frades Jerônimos
- os Aposentos, onde se identifica o grande baixo relevo em madeira de carvalho quinhentista, de autor desconhecido, ilustrando a Tomada de Arzila, adquirido por D. Fernando em Roma;
- a Sala Indiana, com valiosas obras de arte, como o lustre em cristal da Boémia e baixo relevo "Cólera Morbus", de autoria de Vítor Bastos;
- a Sala Árabe, que expõe algumas das pinturas de Paolo Pizzi;
- os Jardins, que circundam o Palácio com estilo romântico da Alemanha, numa descoberta simultânea da vegetação exótica plantada no século XIX e a sua coexistência com vegetação autóctone original