O Santuário do Bom Jesus do Monte, também referido como Santuário do Bom Jesus de Braga, localiza-se na cidade, concelho e distrito de Braga.
Este santuário católico constitui-se num conjunto arquitetónico-paisagístico integrado por uma igreja, um escadório onde se desenvolve a Via Sacra do Bom Jesus, uma área de mata (Parque do Bom Jesus), alguns hotéis e um funicular (Elevador do Bom Jesus).
Acredita-se que a primitiva ocupação deste sítio remonte ao início do século XIV. No ano de 1373 já é mencionada uma ermida no local, sob a invocação da Santa Cruz.
Local de devoção e peregrinação das gentes da região de Braga, em 1494 foi erguida uma segunda ermida, por iniciativa do então Arcebispo de Braga, D. Jorge da Costa, em 1839.
Uma terceira ermida foi erguida em 1522 por iniciativa do deão da Sé de Braga, D. João da Guarda, período em que se registou um aumento da devoção no local.
A partir de 1722, o então Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, concebeu e iniciou um grande projecto que terminaria no actual Santuário.
Este templo foi projectado pelo arquitecto Carlos Amarante, por encomenda do então Arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança, tendo sido iniciado a 1 de junho de 1784 e ficado concluído em 1811.
A igreja apresenta planta na forma de uma cruz latina, com uma fachada ladeada por duas torres, encimada por um frontão triangular. Os escadórios vencem um desnível de 116 metros e estão divididos em três lanços:
Escadório do Pórtico
É acedido pelo Pórtico do Bom Jesus, um arco no início da escadaria, onde se encontra o brasão com as armas do responsável pela sua construção, em 1723, o então Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles. Neste lanço inicial encontram-se as primeiras capelas da Via Sacra do Bom Jesus, erguidas no mesmo período.
Escadório dos Cinco Sentidos
Neste trecho do escadório desenvolvem-se cinco lances de escadas, intervalados por patamares com fontes alegóricas aos cinco sentidos, pela seguinte ordem: "Visão", "Audição", "Olfacto", "Paladar" e "Tacto".
Estas fontes são precedidas por outra, a "Fonte das Cinco Chagas", onde se lê a seguinte inscrição: "Fontes de púrpura abriu então o ódio amargo; agora o amor transforma-os aqui em cristais para ti."
Fonte da Visão
Fonte da Visão |
Caracteriza-se por uma figura que lança água pelos olhos, e possui a inscrição: "Varão prudente, toma-as por um sonho e assim vigiarás." Do lado direito, uma estátua de Moisés traz a inscrição "Aqueles que feridos olhavam saravam", e outra de Jeremias, com a inscrição "Eu vejo uma cara vigilante".
Fonte da Audição
Caracteriza-se por uma figura que lança água pelos ouvidos, com uma estátua de Idito a tocar cítara e a inscrição "Que cantava ao som da cítara, presidindo os que cantavam e louvavam o Senhor". Do lado esquerdo encontra-se David, com a inscrição "Ao meu ouvido darás gozo e alegria", defronte a uma mulher com a inscrição "Tua voz soe aos meus ouvidos".
Fonte do Olfacto
Caracteriza-se por uma figura que lança água pelo nariz, com uma estátua de um varão encabeçada pela inscrição "Dai flores como o lírio e rescendei suave cheiro". Do lado esquerdo encontra-se a figura de Noé, e do direito Sulamita com a inscrição: "A tua estatura é semelhante a uma palmeira... e o cheiro da tua boca é como o das maçãs".
Fonte do Paladar
Fonte do Tacto |
Caracteriza-se por uma figura que lança água pela boca, com uma estátua de José do Egito com um cálice e um prato nas mãos, e a inscrição "A tua terra seja cheia das bênçãos do Senhor, dos frutos do céu e do orvalho". Do lado esquerdo, a figura de Jónatas com a inscrição "Provei um pouco de mel na ponta duma vara e eis porque morro" e, do direito, Esdras com a inscrição "Prove o pão, e não nos abandones, como o pastor no meio dos lobos".
Fonte do Tacto
Caracteriza-se por uma figura que segura uma bilha com as duas mãos, de onde lança água, com a estátua de Salomão e a inscrição "As minhas entranhas estremeceram ao seu toque". Esta estátua está ladeada por Isaías,com a inscrição "Tocou a minha boca", e a de Isaac, invisual, com as mãos estendidas à procura do filho e a inscrição "Chega-te a mim, meu filho, para que te toque".
Escadório das Três Virtudes
Nos mesmos moldes do Escadório dos Cinco Sentidos, este trecho data de 1837. Possui três fontes dedicadas às Virtudes teologais: a Fé, a Esperança e a Caridade.
Fonte da Fé
Apresenta a inscrição "Correrão dele águas vivas", e as suas alegorias referem-se à Docilidade e à Confissão.
Gruta |
Fonte da Esperança
Caracteriza-se por uma figura da arca de Noé por baixo da qual cai a água. Apresenta a inscrição "Arca na qual... se salvaram almas", e as alegorias referem-se à Confiança e à Glória.
Fonte da Caridade
Caracteriza-se por uma estátua de mulher com duas crianças nos braços, com a inscrição "São três estas virtudes... a maior delas, porém, é a caridade". A água jorra do coração de uma das crianças, e as alegorias referem-se à Benignidade e à Paz.
O escadório, num total de 581 degraus, culmina no Terreiro de Moisés, onde se localiza a Fonte do Pelicano e a Estátua de São Longuinho, a que se segue o adro e a Igreja do Bom Jesus.
O Elevador do Bom Jesus de Braga:
Constitui-se num funicular que liga a parte alta da cidade de Braga ao Santuário, construído por iniciativa do empresário bracarense Manuel Joaquim Gomes, com projecto do engenheiro suíço Niklaus Riggenbach, inaugurado a 25 de março de 1882, tendo sido o primeiro a ser instalado na península Ibérica, um dos sete do género no mundo, e sem registo de qualquer acidente. É actualmente o mais antigo no mundo a utilizar o sistema de contrapeso de água. Os seus carros sobem e descem de meia em meia hora e levam entre 2,5 e quatro minutos a fazer todo o percurso, conforme o número de passageiros a bordo.
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