Jack Kerouac |
Retomando uma temática que se encontra um pouco perdida aqui neste blog, volto a opinar sobre livros, neste caso "Pela Estrada Fora" (On The Road, em inglês), do escritor norte-americano Jack Kerouac. Para além de ser um livro que li muito recentemente também se torna importante reflectir sobre esta obra, uma vez que está para estrear um filme baseado nele, para breve, que conta com a participação da actriz Kristen Stewart, a tal que ficou famosa pela saga "Twilight"... Como tal e antes que esteja aqui a falar do filme, acho que convém expressar a minha opinião sobre o romance, que é sempre a base ideal para reconhecer os aspectos principais destes filmes e ter uma melhor visão dos mesmos.
Quanto à obra de Kerouac, este romancista, pintor e poeta que escreveu inúmeros livros e foi influenciado pela musicalidade do jazz, pelo budismo (a uma certa altura da sua vida), pelo consumo de drogas e pela promiscuidade, traz-nos todas essas experiências condensadas neste livro, numa descrição pormenorizada de uma enorme viagem que a personagem "Sal" e o seu amigo "Dean" (que representa o autor e seu amigo Neal Cassidy) fazem pelos Estados Unidos, rumo ao Sul, ao longo das infindáveis estradas do Texas e do Novo México, num percurso em direcção ao nada, no qual o interesse não está na meta, mas na forma e essência da viagem, na esperança de exorcizar uma ânsia e uma mal-estar crescentes. A necessidade de ser rebelde imbuída no valor da amizade num universo jovem, que tanto apelou à "beat generation" da sua época fazendo deste livro um romance de eleição.
Viver, experimentar na primeira pessoa as sensações mais cruas da vida, aproveitar os dias, a descoberta do prazer, numa viagem épica que os conduz ao longo de milhares de quilómetros numa fuga de tudo o que conheciam, mas acima de tudo, numa fuga inconsciente à morte, que os persegue e é expressa sub-conscientemente nas visões de um espírito que os acompanha no deserto da vida, medo próprio da referida "beat generation" que valorizava a vida acima de tudo.
Neste campo, Kerouac apresenta-nos a sua geração como definitivamente mais iluminada, quase espiritualmente santificada, como as personagens "Ed Dunkel", descrito como "um anjo de um homem" ou "Dean Moriarty" que tinha um "olhar divino". Está feita a ponte espiritual de uma história de loucuras com personagens selvagens e vivas, tais como a sua miúda "MaryLou", com aqueles que o rodeavam e o ajudavam a encontrar o caminho nessa viagem espiritual, que reflectia a América da década de 50 e que se tornou uma influência fulcral em artistas vindouros de diversas áreas, tais como, por exemplo, Bob Dylan, ou Jim Morrison.
Um excelente romance, verdadeiramente inspirador, que traz até aos dias de hoje a noção de não nos perdermos no materialismo da vida, mas aproveitarmos o melhor possível os nossos dias, gozando ao máximo, sendo loucos e inconsequentes, pois a morte já vem a caminho...
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