quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

PAUS - Criatividade em português

Apesar de ser assunto antigo (afinal o álbum da banda saiu em finais de 2011), torna-se quase imperativo destacar um dos projectos mais interessantes da música portuguesa dos últimos tempos: Falo-vos dos "PAUS", banda que reuniu quatro músicos de excelência e que são uma verdadeira lufada de ar fresco no panorama nacional. 

PAUS
Tendo lançado inicialmente um EP, em 2010, intitulado "Como Uma Água", a banda que conta com Hélio Morais (baterista dos "Linda Martini") e Joaquim Albergaria (vocalista dos "Vicious 5"), que nos PAUS dividem uma "bateria siamesa" (bateria unida pelo mesmo bombo), incluindo também no alinhamento Makoto Yagyu (baixista/guitarrista) e João Pereira (teclados), ambos dos "If Lucy Fell", este quarteto que tem contado com a presença de outros músicos convidados de diferentes projectos musicais, desde os Buraka Som Sistema aos I Had Plans, que os ajudaram nos primeiros espectáculos ao vivo, iniciou o seu processo criativo para criar aquilo que eles próprios descreveram como: "Uma bateria siamesa, um baixo maior que a tua mãe e teclados que te fazem sentir coisas".
Partindo deste EP a banda tocou as suas únicas quatro músicas em festivais tais como Paredes de Coura, Optimus Alive e Super Bock Super Rock e também na discoteca Lux, em Lisboa, numa partida oficial que tornava a banda difícil de rotular, pois apresenta-se como o subproduto de quatro instrumentos, uma vez que não há vocalista oficial na banda. 

Álbum "PAUS", 2011
Assim, em Outubro de 2011, surge um pequeno álbum homónimo com oito temas que projecta esta banda ainda mais longe e deixa no ar a ideia de estarmos perante algo de verdadeiramente inovador composto por quatro músicos que se juntam e fazem praticamente uma "jam session".
Este ano voltarão ao Festival Optimus Alive no dia 15 de Julho, onde levarão todo o dinamismo da sua música composta por uma componente de teclas hipnóticas, um baixo absolutamente fantástico e a "bateria siamesa" que dá o ritmo que põe os PAUS no top de maior criatividade deste país que, de vez em quando, ainda surpreende.
Fiquem com o tema "Língua Franca" tocado ao vivo para o programa da RTP, "Planeta Música":



Agradecimento pela sugestão: WN

Estreia da semana

Quase que se pode resumir dizendo que o filme de acção da semana chama-se "Contrabando". O tema não é novo: um ex-qualquer coisa (neste caso um famoso contrabandista) que está retirado do "activo" é forçado a reentrar no mundo criminoso após o seu cunhado ser apanhado nesses meandros e haver um mauzão que o quer matar por isso. O herói, protagonizado por Mark Wahlberg tem que trazer um carregamento de moeda contrafeita passando as fronteiras dos EUA para proteger a família de um barão da droga (Giovanni Ribisi) que o chantageia. Pelo meio é apanhada a sensual mulher do herói (a actriz Kate Beckinsale) que, como sempre, não tem culpa nenhuma mas acaba envolvida como "moeda de troca". Isso leva Chris (Wahlberg)  a reorganizar a sua equipa de contrabandistas com a ajuda do seu grande amigo Sebastian (o actor Ben Foster).
Um argumento que já vimos surgir milhentas vezes com algumas pequenas variações, mas que resultam num filme que entretém e não é pretensioso.
Algumas explosões e tiros à mistura e a presença "cool" de Wahlberg que é dotado para este tipo de filmes com o seu ar de "está tudo bem, tenho tudo controlado". Acção q.b. e dicas sobre como passar uma carrada de dólares pela fronteira sem ser detectado (instrução que pode sempre ajudar quem queira arranjar uma forma de ultrapassar a crise...)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Concertos que eu iria ver (...e levaria todos os meus amigos!) #6 - Wolf Parade

Correndo o risco de me começarem a chamar de fã nº.1 do Canadá, trago mais uma banda muito interessante do país da "folha de plátano" que se chama Wolf Parade.

Wolf Parade
Um bocadinho de Arcade Fire, com uma pitada de Modest Mouse, esta banda de Montreal iniciada em 2003 conseguiu até ao momento três álbuns de estúdio e luta ainda por maior reconhecimento. Ou talvez deva dizer "lutava", porque desde 2011 que este quarteto optou por um hiato por tempo indefinido, no qual os seus elementos pretendem usar o tempo para se dedicarem a outros projectos que têm em mãos. Por isso é que acho importante que os contactem para os retirar desta "hibernação" e tragam-nos para estes lados de forma a que eles reactivem o projecto e não se percam lá para a região do Sasquach...
Então vamos lá, senhores organizadores de festivais, acordem e aproveitem para trazer a este país músicos que ainda têm margem para crescer em vez de irem buscar sempre os mesmos "dinossauros" do Rock In Rio ou então explorarem o Canadá, país com tanto potencial musical e o melhor que descobrem são os (horrorosos) "Simple Plan", que vêm cá para o mês que vem.... :(
Deixo aqui dois temas dos Wolf Parade, para vos desobstruir os canais auditivos... ambas do seu álbum de 2010, "Expo 86": "Palm Road" e "Pobody's Nerfect":

Wolf Parade - Palm Road

Wolf Parade - Pobody's Nerfect







Quase tão bom como o original - VII

Hoje seleccionei algumas covers de bandas ou músicos pouco conhecidos (em Portugal, pelo menos) que se aventuraram neste mundo das imitações. Em comum têm o facto de terem conseguido ficar um pouquinho mais populares após terem lançado estas músicas, não fosse temas facilmente reconhecidos. 

1- Rachid Taha, é um dos cantores franco-argelinos mais famosos do género Rai. A sua música caracteriza-se por ser uma fusão entre diversos géneros musicais, como o rock, techno ou Indie com esse género Rai. A sua voz rouca e áspera tem um cunho único que o diferencia de todos os outros cantores do mesmo género. Com excepção de alguns temas, todos o seu trabalho é cantado em árabe.
A sua versão do tema "Rock The Casbah", dos The Clash, faz parte da banda sonora do documentário "Joe Strummer, The Future Is Unwritten", de 2007, sobre o líder do mesmo grupo. Na sua versão o tema ficaria conhecido por "Rock El Casbah".







2 - Os Robotanists são um quarteto de Los Angeles que, apesar de ter dois álbuns lançados e ir a caminho de um terceiro, ainda é relativamente desconhecida. Talvez com a intenção de se auto-publicitar, decidiram criar um álbum de covers referentes ao último lançamento dos Radiohead, intitulado "The King of Limbs". Recriaram todos os temas e lançaram o álbum gratuito online, disponibilizado para download por troca de um e-mail, aqui.
Não sei dizer se aumentou a sua popularidade, porque convenhamos que é difícil imitar os Radiohead, mas algumas versões são interessantes, tal como a que apresento aqui: "Lotus Flower".





3 - Vindos da Carolina do Norte, nos EUA, a banda indie criada em 2001, The Rosebuds ainda não granjeou reconhecimento suficiente fora do seu país natal, apesar dos seus 7 álbuns lançados. Recentemente foi-lhes proposto efectuar uma cover da mítica música dos Talking Heads, "Road To Nowhere" e eles sairam-se muito bem na tarefa. Recordo que já coloquei uma outra versão desta música tocada pelos "Editors" e que podem ouvir neste link.    



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Óscares 2012 - Lista de Vencedores


Realizou-se ontem à noite (madrugada em Portugal) a 84ª edição da Cerimónia de Entrega dos Óscares, em Hollywood. A lista completa dos vencedores do prémios mais desejados em cinema é a seguinte:

- Melhor Filme  (O Artista)
- Melhor Realizador (Michel Hazanavicius) - por: "O Artista"
- Melhor Actor (Jean Dujardin) - por: "O Artista"
- Melhor Actriz (Meryl Streep) - por: "A Dama de Ferro"
- Melhor Actor Secundário (Christopher Plummer) - por: "Assim é o Amor"
- Melhor Actriz Secundária (Octavia Spencer) - por: "As Serviçais"
- Melhor Argumento Original (Woddy Allen) - por: "Meia-Noite em Paris"
- Melhor Argumento Adaptado (Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash) - por: "Os Descendentes"
- Melhor Longa-Metragem de Animação (Rango)
- Melhor Filme em Língua Estrangeira (Uma Separação) - Irão
- Melhor Direcção Artística (A Invenção de Hugo)
- Melhor Fotografia (A Invenção de Hugo)
- Melhor Guarda-Roupa (O Artista)
- Melhor Montagem (Millenium 1 - Os Homens Que Odeiam As Mulheres)
- Melhor Caracterização (A Dama de Ferro)
- Melhor Banda Sonora Original (Ludovic Bource) - por: "O Artista"
- Melhor Canção Original ("Man or Muppet", de Bret McKenzie) - por "Os Marretas"
- Melhores Efeitos Sonoros (A Invenção de Hugo)
- Melhor Som (A Invenção de Hugo)
- Melhores Efeitos Visuais (A Invenção de Hugo)
- Melhor Documentário de Longa-Metragem ( "Undefeated", TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas)
- Melhor Documentário de Curta-Metragem (Saving Face)
- Melhor Curta-Metragem de Animação (The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore)
- Melhor Curta-Metragem de Imagem Real (The Shore)

"O Artista"
Com maior ou menor justiça, sendo mais ou menos óbvios, os prémios lá foram entregues. O grande vencedor da noite foi, sem dúvida, o filme "O Artista". O Óscar de "Melhor Actriz" foi indiscutivelmente para Meryl Streep e Christopher Plummer ganhou um prémio ainda enquanto está vivo (o que já não é mau!). Um dos grandes derrotados da noite foi "A Invenção de Hugo" que se limitou a trazer prémios mais técnicos, tendo Martin Scorsese, perdido mais uma vez o prémio de "Melhor Realizador" e, já agora, George Clooney também viu fugir o de "Melhor Actor". Também decepcionante foi para "Cavalo de Guerra", de Steven Spielberg, que não ganhou nem uma estatueta. Justiça houve na vitória de Octavia Spencer, como "Melhor Actriz Secundária" e destaque ainda para a "Melhor Canção Original", para o filme "Os Marretas" e para o filme "Rango" que venceu o de "Melhor Longa-Metragem de Animação".
Fiquem com o trailer do grande vencedor da noite:



Vídeo da semana

O melhor vídeo desta semana está fresquinho, acabado de sair da noite de Óscares e contempla nada mais, nada menos que um dos mais loucos humoristas da actualidade, o actor Sacha Baron Cohen!

Deslocando-se à cerimónia em pleno traje da sua personagem referente ao seu mais recente filme "O Ditador", Baron Cohen que já habituou quem o conhece às mirabolantes loucuras das suas anteriores personagens conseguiu, ainda assim, apanhar de surpresa um dos entrevistadores da passadeira vermelha, o apresentador de "American Idol": Ryan SeacrestQuando este o entrevistava para saber alguns detalhes da presença do "Ditador" na cerimónia, levou em cima com as supostas cinzas do falecido líder da Coreia do Nort, Kim Jong Il. 
Um momento incrível só ao alcance deste louco britânico que apanhou Seacrest distraído e a imaginar que não seria vítima de uma brincadeira de Baron Cohen... errado!!!! Toma lá cinzas, Ryan!
Veja o trailer deste novo filme, "O Ditador", aqui.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cerveja Sagres

Num país quase virtualmente dividido pela presença de duas marcas de cerveja que controlam praticamente o mercado nacional e já tendo aqui falado da sua concorrente, a Super-Bock, cabe hoje a vez da Sagres, marca gerida pela empresa Central de Cervejas a merecer aqui a minha opinião.

Criada em 1940, a cerveja Sagres foi desenvolvida para participar nesse mesmo ano na "Exposição do Mundo Português". Tendo sido produzida sempre com recurso a matérias-primas 100% nacionais, esta cerveja viria a alcançar inúmeros prémios, entre os quais o "Prémio Excelência", no Concurso Mundial de Cerveja, na Bélgica, em 1958, o prémio "Produto do Ano", em 2010 e, pelo meio (entre outros), onze "Medalhas de Ouro" no Monde Selection entre as quais duas "International High Quality Trophy".
Para além destas referências, esta cerveja tem sido alvo de um intenso processo de marketing ao longo dos anos sendo sempre associada ao patrocínio da Selecção Nacional de Futebol Portuguesa, bem como ao patrocínio de um dos clubes grandes de Lisboa e, mais recentemente, da própria 1ª Liga de Futebol Profissional. Esta aposta no desporto-rei tem dado os seus frutos, tornando esta cerveja uma das marcas mais reconhecidas nacionalmente (em especial pelo público-alvo masculino). 
Mais recentemente a aposta na diversificação levou à aquisição dos direitos de uma cerveja tipo Pilsner, de cor âmbar avermelhada, com um teor de álcool de 6,2%, denominada Sagres Bohemia. Há igualmente uma enorme aposta no mercado das cervejas sem álcool com a criação da Sagres Zero.

Quanto à Sagres mais comum, pessoalmente não é uma cerveja que me agrade propriamente. Tendo do lado positivo a leveza e a frescura, que se opõe à principal concorrente do mercado, tem no entanto como aspectos menos positivos um sabor amargo e seco, sendo um pouco "aguada" demais, acabando por ter pouco conteúdo palatino. Aliás, por comparação directa, diria que a melhor receita que a Central de Cervejas produz é mesmo a Bohemia, essa sim, bastante interessante e com um gosto e aroma frutado intenso de estilo artesanal.
Mas, como não se deve discutir gostos, a Sagres continua a vender imenso, em especial no Centro e Sul do País, embora tenha perdido a liderança do mercado. Há-de haver sempre espaço para estas cervejas, nem que não seja num dia de intenso calor em que não nos apeteça beber um copo de água e queiramos parecer "mais fixes" e pedir uma refrescante cerveja de pressão.
De referir ainda, que esta cerveja sempre vendeu bastante em "Minis" uma vez que é mais rápido o seu consumo, ideal para regiões com mais calor, onde, afinal, a Sagres até vende mais... Fica aqui um anúncio da Sagres Mini:

Destaques culturais - semana de 26 Fevereiro a 3 Março

1 - Exposição de Cerâmica na Maia


"A cerâmica é de todas as artes a mais variada nos seus recursos e nos seus efeitos."

Não é fácil estabelecer o  momento do conhecimento pelo homem da utilidade da cerâmica e da sua criação, passando pela descoberta da matéria-prima, a argila, sua modelação, secagem e cozedura.
A argila é um produto natural que provém da decomposição, ao longo de milhões de anos, das rochas feldspáticas. O conjunto de pratos apresentados, tem origem num desafio lançado a um  grupo de artistas plásticos que, na Oficina de Cerâmica da Árvore, criaram uma série de pratos originais usando alguns processos que, conforme o objectivo a alcançar por cada um deles, é variável: engobes, óxidos e vidrados.
As explorações de ordem técnica e estética que definem a personalidade das criações estão patentes nesta colecção de pratos da autoria dos artistas plásticos: Alberto Péssimo, Ana Maria, Carlos dos Reis, João Carqueijeiro, José Emídio, José Rodrigues, Luísa Gonçalves e Pornprom Chawwang.
A não perder em exposição no Maia Welcome Center (Parque Central da Maia, Lj. 19 - Piso 1), hoje, o ultimo dia desta exposição com entrada gratuita onde poderão ver alguns exemplos de criação cerâmica bastante originais nesta exposição intitulada "Pratos Para Uma Refeição Impossível".

2 - Apresentação do livro "O Anjo e o Pavão"

No próximo dia 3 de Março, poderão assistir à apresentação do livro infanto/juvenil "O Anjo e o Pavão", pela escritora Célia Lourenço. Num país em que cada vez menos se aposta na leitura como forma de desenvolver o intelecto e a criatividade das crianças, aproveite para levar os seus filhos à Biblioteca Municipal de Valongo para assistir à apresentação deste livro. A sessão iniciará às 16:00 e tem entrada livre.
Apoie esta jovem escritora promissora que já lançou um livro anteriormente (A Fada dos Dentes e o Dente Perdido) e que poderão conhecer melhor através do seu blog em: http://artesonhada.blogspot.com/



3 - Baile dos Vampiros no Hard Club

Para final do Fantasporto é já uma tradição o famoso "Baile dos Vampiros", que este ano será no Hard Club, no próximo dia 3 de Março às 23:59. Com a presença de inúmeros DJ's convidados que apresentarão uma sequência das melhores bandas sonoras de cinema dos anos 60 até aos dias de hoje, a festa promete pela noite fora que incluirá a banda portuense Zen numa actuação ao vivo.
Entrada a 10 euros, numa passagem imperdível para fãs de boa música e cinema. Não se esqueçam de aparecer mascarados!
Aproveite para continuar a curtir em grande após passar pelos concertos Vodafone Mexefest previstos para essa noite....
Relembro que o Fantasporto 2012 está em exibição no Rivoli  Teatro Municipal, com apresentação dos melhores filmes do fantástico num dos melhores festivais mundiais do género até ao próximo dia 4 de Março (entrega dos prémios).

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Crítica DVD - Biutiful

A. G. Iñárritu
Alejandro González Iñárritu, realizador e argumentista nomeado para um Óscar, por "Babel", mas acima de tudo, um contador de histórias... Com a sua forma muito peculiar de nos conduzir na narrativa de um filme, o mexicano Iñárritu consegue agarrar um espectador à tela, não pelo elevado sentido de acção da história, nem pelo argumento complexo ou intrincado, mas sim pela qualidade insofismável e crua das suas personagens e pelo argumento pungente pleno de realismo e contemporaneidade.
Neste filme, o realizador apresenta a vida de um habitante de Barcelona, metrópole com o seu lado "underground", que esta personagem Uxbal (magnificamente interpretada por Javier Bardem), percorre e que é o seu meio de subsistência. Ele que faz de elemento de "liaison" entre a sua catalunha autóctone e os inúmeros emigrantes ilegais que se dirigem para esta (como em tantas outras grandes cidades europeias), em busca de condições de vida melhores que as que encontram nas suas pátrias: Os chineses e as suas fábricas de exploração de mão-de-obra barata e os africanos e o comércio de rua, por vezes incluíndo o tráfico de drogas.

As condições sub-humanas da existência destes trabalhadores, num olhar de uma realidade que fingimos não existir e que não quereriamos ver se não fosse tão bem retratada pela lente de Iñárritu.
Paralelo à história, Uxbal, um homem que "fala com os mortos" e, ao mesmo tempo, se encaminha ele para a morte, vítima de uma doença incurável, mas que procura utilizar as suas energias tentando garantir alguma estabilidade familiar e emocional aos seus dois filhos menores, com uma mãe que sofre de bipolarismo.
Tanta tragédia junta poderia parecer excessiva, não fosse a acção do filme "Biutiful" propositadamente lenta e progressiva, de forma a podermos visualizar o trabalho final como uma bela pintura que nos foi sendo mostrada pouco a pouco.
Mais uma vez, como em "Amores Perros", tudo termina num círculo fechado, como a própria vida e deixa a certeza que Iñárritu é um fantástico contador de histórias e um dos melhores realizadores dos últimos tempos.

Melhor publicidade de sempre #9

Uma das marcas que tem apostado em melhores anúncios publicitários televisivos, a meu ver, foi sempre a marca de desodorizantes e artigos de higiene "AXE". Usando e abusando de um sentido de humor negro irrepreensível, os criativos que fazem os anúncios desta marca vão a extremos e criam verdadeiros mini-filmes absolutamente fantásticos e com produções quase Hollywoodescas.

Certamente que todos recordamos o anúncio do "AXE Chocolate", com aquele fulano feito de chocolate em que as miúdas querem todas tirar um bocadinho para provar, ou então o do "AXE Dry" em que um tipo regava literalmente com suor toda a gente sempre que levantava os braços?
Mais recentemente as suas campanhas do "AXE Excite" e a do "AXE Anarchy" (que passa neste momento na TV portuguesa) são tão extraordinárias que decidi destacá-las na rubrica de hoje. Para tal deixo-vos aqui os vídeos nas suas versões integrais, com mais detalhes do que as que passam na TV:

Anúncio AXE Anarchy




Anúncio AXE Excite 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"Paths of Hate" - Curta metragem

No início deste mês prometi retornar às curtas-metragens sempre que tal se justificasse e assim vou colocar hoje aqui mais uma que me tocou particularmente. Seguindo uma já longa história de animação de superior qualidade da escola de leste que, desde países como a antiga União Soviética, passando pela Hungria, antiga Checoslováquia, antiga Jugoslávia e a Polónia, sempre foi prolífica em grandes mestres da animação e tem uma velha tradição nesse campo.
Desta feita, produzida pelos estúdios da Platige Image e realizada pelo polaco Damian Nenow, em 2010, esta curta-metragem de animação é absolutamente fantástica e demonstra uma qualidade superior, facto pelo qual já foi multi-premiada em eventos tais como o International Animation Festival, na Corunha, no Siggraph Animation Festival  de 2011, em Vancouver e no Anima Mundi 2011, no Rio de Janeiro, entre outros. Chegou a estar pré-nomeado para incluir a lista de candidatos aos Óscares, na categoria de "Best Animated Short Film", não tendo sido seleccionado, muito injustamente, na minha opinião.
Fica então aqui esse filme, intitulado "Paths of Hate", uma película que pode ferir algumas susceptibilidades, mas que nos conduz ao mais cru da alma humana, ao ponto onde a nossa humanidade se extingue, levada pelo poder do ódio e da raiva...
Link para o site oficial: http://www.pathsofhate.com/





Músicas de uma vida - There Is a Light That Never Goes Out

The Smiths
Seria praticamente impossível ter uma rubrica dedicada a temas que marcaram a minha existência musical sem incluir alguns nomes da música que são comuns a quem tenha vivido nos últimos 30 a 40 anos. Um desses nomes é invariavelmente o dono da voz de ouro, Morrissey, que com a sua banda The Smiths, que incluía Johnny Marr, Andy Rourke, Mike Joyce e, se quisermos incluir aquele que ficou afectuosamente conhecido como o 5º Smith, Craig Gannon. Criados em 1982, os Smiths desenvolveram a sua musicalidade perante uma crescente legião de fãs que fazem com que a banda continue, 30 anos depois, a fazer parte de uma corrente musical que marcou, apenas com 4 álbuns de estúdio. Ainda que Morrissey tenha seguido com algum sucesso uma carreira a solo, seria com os restantes elementos que a sua voz de barítono desenvolvida no ambiente caótico da Manchester dos anos 70 teria melhor enquadramento acompanhada pela guitarra de Johnny Marr e com as letras deprimentes e dramática sobre relações perdidas, o peso do passado e a prisão do lar que caracterizaram esta banda.
Por isso tudo, a minha opção recai sobre um tema dele integrado na banda que se chama "There Is a Light That Never Goes Out", do seu álbum "The Queen Is Dead", de 1986.
"Take me out, tonight... where there's music and there's people who are young and alive. Driving in your car, I never, never want to go home, because I haven't got one...anymore..."


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Em ascensão #17 - Motorama

Mais um quinteto de inspiração na música e essência dos Joy Division, os russos Motorama têm vindo a desenvolver uma legião de fãs que no país anteriormente dominado pela doutrina comunista têm vindo a descobrir os sons ocidentais, sempre com o respeito e devida ligação às suas raízes. Esta banda de sonoridade pós-punk já existe desde 2005, mas, para além de alguns EP's, ainda só produziu um álbum intitulado "Alps", em 2010.

Motorama
O som é indiscutivelmente uma mistura das sonoridades new wave dos anos 80 com batidas ligeiramente dançáveis e vozes mono-tónicas. Para além da já referida inspiração na banda de Ian Curtis, os seus elementos reconhecem influências em bandas como The Coral ou The Strokes, que os marcaram.
Apesar do evidente "piscar de olho" a um mercado internacional, por cantarem em inglês, a banda não esquece a sua língua materna e, por isso, têm um projecto paralelo de sonoridade ainda mais negra e experimental chamada "Ytro", constituída pelos mesmos elementos dos Motorama, mas onde cantam em russo.
O seu álbum de estreia tem músicas muito apreciáveis e foi considerado um das melhores lançamentos de música "indie" de 2010. Para ajudar à sua divulgação, deixo aqui dois temas dos Motorama: "Empty Bed", single lançado no final do ano passado e "Alps", do seu álbum com o mesmo nome.
Recordo que poderão fazer download gratuito do seu álbum, disponibilizado pela banda em:


Motorama - Empty Bed

Motorama - Alps

Portugal - Pontos de Interesse #6


A Lagoa das Sete Cidades localiza-se no fundo da caldeira das Sete Cidades, na freguesia de mesmo nome, na ilha de São Miguel, nos Açores. Constitui-se no maior reservatório natural de água doce de superfície dos Açores, ocupando uma vasta área que chega aos 4,35 quilómetros quadrados, com uma profundidade de 33 metros, que se caracteriza pela dupla coloração das suas águas, sendo dividida por um canal pouco profundo, atravessado por uma ponte baixa que separa de um lado um espelho de águas de tom verde e, do outro, um espelho de tom azul.
Essas características, e a beleza da paisagem envolvente, deram lugar a que surgissem belas lendas sobre a sua origem e formação, inclusive a que a liga ao mito da Atlântida.

A lagoa, bem como a sua zona envolvente, encontra-se classificada como Paisagem Protegida.
A caldeira foi formada por colapsos sucessivos de dois relevos que a circundam, e tem um diâmetro de 400 metros e constitui-se numa das maiores caldeiras de abatimento do arquipélago. Os seus bordos apresentam, em sua maior parte, vertentes muito inclinadas.
Inscreve-se em uma área de montanha de relevo bastante acentuado, com falésias interiores, profundas ravinas e sulcos em cujos leitos correm águas torrenciais. O "Pico das Éguas", com 847 metros de altitude, é a maior elevação da zona.

É uma área que conserva vestígios da vegetação primitiva do arquipélago, com destaque para o cedro-do-mato, a angélica, o azevinho, o queiró, a urze, a uva-da-serra, o folhado, as margaridas, assim como os musgos. Representa também uma importante zona de passagem para aves migratórias, muitas das quais em perigo de extinção, mas também aves endémicas dos Açores, como o pombo-torcaz-dos-Açores, o melro-preto e a estrelinha. Nas águas das lagoas da região encontram-se várias espécies de peixes introduzidas pelo Homem, como por exemplo a carpa, o lúcio, a perca, o ruivo e a truta.
Pólo de atracção turística, a sua beleza natural constitui um dos focos de interesse do arquipélago dos Açores, sendo visitada anualmente por milhares de amantes da Natureza, casais em busca de um ambiente romântico ou simples curiosos desta maravilha natural em território nacional.
Associadas ao local podem-se descobrir várias lendas. Uma delas é a da "Princesa dos Olhos Azuis":

Lenda da Princesa dos Olhos Azuis 

"No local onde hoje se situa a bonita freguesia das Sete Cidades, existia um reino, onde habitava a bela e jovem Princesa Antília, de lindos olhos azuis. Certo dia, num passeio pelos prados maravilhosos da região, a Princesa apaixona-se por um Pastor de olhos verdes, que por ali passeava o seu rebanho. 
Dias passaram, e em todos eles os dois apaixonados se encontraram no mesmo local, à sombra de uma velha árvore, cada vez mais próximos e apaixonados. 
O Rei, que desejava a sua filha casada com um Principe do reino vizinho, ao tomar conhecimento da paixão que crescia, proibiu o amor da Princesa e do Pastor. Desesperada, Antília pediu o seu último encontro com o seu amor, que aconteceu no local habitual. 
Enquanto falavam o seu triste destino, os dois choraram em tamanha quantidade que, dos olhos azuis da Princesa se formou a Lagoa Azul, e dos olhos verdes do Pastor, se formou a Lagoa Verde. 
Conta então a lenda, que os dois foram separados, mas as suas sentidas lágrimas para sempre ficaram lado a lado, na Lagoa das Sete Cidades."



guiadacidade.pt



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Novo álbum dos Cranberries - Roses

Está previsto para sair no próximo dia 28 de Fevereiro, o mais recente trabalho da banda irlandesa "The Cranberries", que, recordemos, já não lançava um disco de originais há 11 anos (!). Chamar-se-à "Roses" e dá-nos uma oportunidade de voltar a escutar a bela e gentil voz de Dolores O'Riordan, que nos embalou com temas tais como "Linger", "Zombie" ou "Salvation". Recordo igualmente que os "Cranberries" estiveram presentes ano passado em Portugal para um concerto no Festival Marés Vivas, onde já tocaram o single "Tomorrow", deste novo álbum. Quem sabe aproveitem para voltar este ano e apresentar este novo trabalho na íntegra?
Enquanto não sai o álbum, fiquem com esse single, cantado ano passado em V.N. Gaia e também com um tema mais antigo, para recordar, o vídeo oficial de "Just My Imagination", do álbum "Bury The Hatchet", de 1999:

The Cranberries - Tomorrow (Live at Marés Vivas 2011)

The Cranberries - Just My Imagination

Estreia da semana


Hesitei se deveria escolher como destaque o filme "Warhorse" (Cavalo de Guerra), de Steven Spielberg. Podem pensar que seria fácil, perante um filme desta lenda da realização, considerar que nesta semana a maior referência de estreias seria esta película do realizador de tais filmes como: E.T., Guerra dos Mundos ou A Lista de Schindler, mas o facto é que me enjoei das temáticas fofinhas e com crianças ou animais que superam enormes dramas pessoais, a que o realizador norte-americano normalmente se sente tão atraído. E, para não variar, este filme volta a esses temas lamechas!

Desta feita, a história de um cavalo que é recrutado para a guerra e é forçado a percorrer diversos campos de batalha num universo de perigos e dramas de guerra que, ao juntarmos a paixão que a maioria dos humanos tem por animais, perfaz a receita Spielberg. O cavalo (Joey) que é separado do seu melhor amigo humano, Albert (o actor Jeremy Irvine) que, em virtude de dificuldades financeiras da família, se vê forçada a vender o animal a um oficial de cavalariça que depois o leva para combate na 1ª Guerra Mundial.
Levado para França, acaba por se juntar a um outro cavalo, Tophorn (que passa a ser o seu melhor amigo não-humano) e inicia um percurso de aventuras que os vão levar pela Europa fora. Mais tarde, o sobrevivente Joey acaba por reencontrar o seu amigo Albert e após o armísticio é feito um leilão para este poder adquirir o cavalo, mas Spielberg reservou mais um bocadinho de drama para o final...
Enfim, é óbvio que o filme será bom e provavelmente vai ser apreciado por muita gente. Steven Spielberg é, afinal, um dos melhores realizadores de sempre e tem um toque de ouro, por isso, vejam este filme, divirtam-se e não se esqueçam da caixa de lenços de papel........

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Festivais de 2012 (update 2) - Porto

Após a referência às novidades no cartaz do Optimus Alive que fiz aqui, que entretanto já acrescentou a presença dos "Mumford & Sons" (dia 14) e "The Kooks" e os portugueses "Paus" (dia 15), hoje faço uma revisão ao alinhamento dos festivais mais directamente ligados à cidade do Porto.
Ora, em breve, nos dias 2 e 3 de Março, teremos o Vodafone Mexefest, que se vai espalhar por locais tão diversos tais como: Coliseu do Porto, Cinema Passos Manuel, Maus Hábitos, Garagem Passos Manuel, Pitch Club, Teatro Sá da Bandeira, Ateneu Comercial, FNAC - Santa Catarina, Café Majestic e Café Guarany. O cartaz é longuíssimo, pelo que se o quiserem consultar vejam neste link, em vez de eu ficar a gastar desnecessariamente as teclas do meu teclado. Recordo apenas que esta edição vem em sequência da efectuada na capital que, a meu ver, teve muito melhores artistas (Oh Land, Fanfarlo, doismileoito ou Dead Combo, por exemplo), pelo que não contem comigo nesta tentativa de simular descentralização para "incomodar" a Optimus que, essa sim, vai realizar um festival a sério no Porto!

E já que falei dele, o Optimus Primavera Sound também já está quase pronto para no início de Junho trazer um festival fantástico ao Parque da Cidade, do Porto. Também não vou descrever todas as bandas, mas bastam Bjork, Death Cab For Cutie, Explosions In The Sky, Neon Indian, Spiritualized, The Drums, The Walkmen, The XX, Wilco, Yann Tiersen, Saint Etienne ou Flaming Lips, para convencer qualquer um a gastar 85 euros. O site oficial está aqui.
Finalmente, um destaque para os primeiros nomes avançados do Festival Marés Vivas, em V.N. Gaia, deste ano. Ainda só se confirmam os Franz Ferdinand para o primeiro dia (18 Julho) e os Gogol Bordello (20 Julho), mas parecem começar bem. Já são motivos de interesse. Vamos a ver o que arranjam para os restantes dias deste festival de 4 dias e também os "acompanhamentos" para estes "pratos principais". Continuam a realizar um festival bem razoável, descentralizado da capital e com um orçamento limitado. Parabéns!

Quase tão bom como o original - VI

No espírito do Carnaval trago-vos hoje mais três músicas bem "mascaradas" que se procuram assemelhar às originais, sem no entanto, o serem.

São "covers" de temas excepcionais, que foram recriados por outras bandas ou músicos, com relativa qualidade e que para além de demonstrarem a capacidade de quem imita, elogiam quem é imitado.
Escolhi três que admiro e acho muito bem conseguidas. A primeira trata-se de uma versão do Editors do tema singular dos Talking Heads, intitulado "Road To Nowhere". Depois a copycat version dos Metallica, de uma canção que começou por ser um poema cantado de bar em bar, sendo mais tarde reproduzida por músicos tais como os Thin Lizzy, Grateful Dead ou The Dubliners e agora tocada pelos "metaleiros californianos", que se chama "Whiskey In A Jar". Fica aqui o vídeo oficial deste tema que saiu no álbum dos Metallica, "Garage Inc.", em 1998.
Finalmente, Moby arrisca-se de vez em quando a incluir nos seus concertos uma música dos Joy Division de seu nome "New Dawn Fades". Ainda assim prefiro a sua versão de estúdio da cover, que saiu na banda sonora do filme "Heat - Cidade Sobre Pressão", em 1995. O resultado não é mau, por isso... ficam aqui estas máscaras de Carnaval!

Editors - Road To Nowhere (Talking Heads cover)

Mettalica - Whiskey In A Jar (popular song cover)

Moby - New Dawn Fades (Joy Division cover) - Heat O.S.T.





segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mashups musicais (o melhor de dois mundos?)

Uma "moda" (digamos assim) que tem ganho adeptos, grande parte amadores, verdade seja dita, mas que vai produzindo umas misturas musicais engraçadas e que arranjam sempre adeptos, é a criação dos chamados "Mashups", misturas entre músicas de forma a que ambas se "diluam" e fiquem de tal forma enlaçadas que surjam quase como se de um novo tema se tratasse. Uma mais bem conseguidas que outras, algumas bizarras experiências, quais "Frankensteins" musicais que talvez não devessem ter sido tentadas, com recurso a programas que fazem a "papinha" toda ou com meios profissionais de DJ's, não interessa a forma nem a assumpção de qualidade, nem tampouco se são melhores (muito difícil, convenhamos) que as originais, o que deve ser destacada é a originalidade e a possibilidade de unir duas bandas, ou mais, que nos agradam, como se estas tivesse decidido dar um concerto juntas nos nossos ouvidos.
À parte as críticas, deixo aqui três temas para a vossa apreciação, para que julguem, opinem e amem/odeiem estes mashups:

White Stripes vs. Nirvana - 7 Nation Teen Spirit Mashup (DJ BootOXs Panic version)

Metallica vs.Muse - Supermassive Sandman Mashup

Gorillaz Vs. The Cure - Lullaby for Tomorrow Comes Today Mashup

Para algo mais profissional, destaco um blog quase exclusivamente dedicado a estes trabalhos: aqui.

Vídeo da semana

Thijme Termaat
De volta a uma temática que creio já ter abordado aqui noutros posts, a da criatividade que felizmente ainda há em quantidade suficiente por este mundo fora, mas que não permite a muitos, quer pela vida que levam, quer pela falta de apoios ou oportunidades, de a exercitarem da melhor forma, dou graças ao "Deus da Internet" por ajudar a que muitos valores sejam reconhecidos ou, no mínimo, tenham a devida oportunidade de se expressarem perante as massas nos meios audiovisuais possíveis, sendo o YouTube um dos melhores.
Dito isto, o vídeo em destaque nesta semana traz-nos um jovem artista com uma enorme capacidade produtiva que resumiu num pequeno vídeo alguns dos seus trabalhos de pintura recentes. Trata-se de Thijme Termaat, holandês de 25 anos que poderão descobrir no seu site, onde é possível adquirir os trabalhos deste magnífico artista. Para uma ideia da sua capacidade fiquem com o vídeo intitulado "iPaint":


domingo, 19 de fevereiro de 2012

"Somebody That I Used To Know" - WOTE

Walk Off The Earth
O Canadá continua a surpreender musicalmente, não fosse a pátria dos Arcade Fire! Agora surgiu uma banda totalmente independente que não recorre a nenhuma editora, embora hajam notícias que a ligam à Columbia Records recentemente, evidentemente projectados pelo sucesso do tema que hoje apresento. 
A música chama-se "Somebody That I Used To Know" e é o mais recente hit da Internet tendo atingido já quase 60 milhões de visualizações no YouTube. Esta banda, os "Walk Off The Earth" também conhecidos sucintamente por "WOTE", tem-se dedicado quase exclusivamente à realização de covers de temas mais ou menos conhecidos, tendo já feito uma de "Someone Like You", de Adele e "Party Rock Anthem" dos LMFAO, por exemplo. Mas foi esta música, originalmente de Gotye, que os WOTE emularam que os transformou num fenómeno instantâneo. O vídeo mostra os cinco elementos da banda a utilizar somente uma guitarra (que, segundo eles, seria a única que a banda dispunha na altura) e dominou completamente os tops de vídeo virais do início deste ano. A banda de Ontário tem dois álbuns editados, "Smooth Like Stone On A Beach", de 2007 e "My Rock", de 2010, mas foi com o seu talento para covers que saiu do anonimato.



E aqui a versão original do músico belga-australiano Gotye do seu álbum "Making Mirrors", de 2011 e que conta com a participação da cantora neo-zelandesa Kimbra:








Destaques culturais - semana de 19 a 25 Fevereiro

1 - Mercado de usados no Silo Auto

No próximo sábado, dia 25 de Fevereiro, a organização do FleaMarket Porto, que, para quem não sabe são mercados de material usado a que qualquer um pode aderir, vai realizar um evento um pouco diferente que será o Flea Móbil. Será um mercado em que os "vendedores" se poderão deslocar com os seus veículos até ao piso 5 do Silo Auto (parque de estacionamento à entrada da baixa portuense) e poderão vender os artigos que trouxeram directamente do veículo ou numa mesa (máx. 1,5 m) que tragam e podem colocar junto ao dito.
O evento tem um custo de inscrição de 10 euros e parece uma excelente oportunidade para ganhar uns cobres numa época de crise aproveitando tanta coisa que acumulamos em nossas casas e que, grande parte das vezes, nem utilizamos.
Há 111 lugares disponíveis e as inscrições podem ser feitas por mail para: fleamarket.spot@gmail.com
Lembrem-se do lema deste mercado: O lixo de uns pode ser um tesouro para outros!...


2 - Concerto de Xutos & Pontapés no Dragão Caixa

Os Xutos & Pontapés vão dar um concerto no Dragão Caixa, recinto desportivo do F.C. Porto, no próximo dia 24 de Fevereiro e oferecer a todos os compradores de bilhete o segundo álbum, "Cerco" , de 1985, que incluía temas como "Homem do Leme" ou "Conta-me Histórias".
O concerto está marcado para as 21:30 e os bilhetes custam 20 euros (inclui concerto e CD, que será entregue aos compradores no local do espetáculo) e estão à venda na FNAC ou na bilheteira online. O espectáculo acontece quando a banda celebra mais um aniversário e estará centrado nos temas do álbum editado em 1985 (acompanhadas por outras canções).
Uma fantástica oportunidade de ver esta banda ao vivo, na comemoração de mais um aniversário e de obter um mítico álbum do rock português.



3 - Fantasporto 2012

A 32ª edição do Fantasporto arranca a 20 de Fevereiro, de novo no Teatro Rivoli que volta a receber o certame que, este ano, conta com 100 longas metragens e com cerca de 250 curtas metragens, estando ao todo representados 33 países.


Nesta edição vão ser comemorados os 30 anos do filme "Blade Runner" e também será homenageado o cineasta português António Pedro Vasconcelos, bem como o cineasta russo Karen Shakhnazarov e Bram Stoker, "um dos ícones do cinema de terror". Também se destaca uma retrospectiva do trabalho do realizador Ed Wood (considerado o pior cineasta de sempre), mas irá igualmente haver uma retrospectiva à obra do cineasta francês Alain Robbe-Grillet: "cinema de erotismo e sensualidade que merece uma segunda visão". Para a 32ª. edição deste evento vai ainda ser homenageado o Teatro de Marionetas do Porto e o seu fundador João Paulo Seabra, falecido em 2010.
Mas nem só de filmes vive o "maior festival de cinema de Portugal", segundo as palavras de um dos fundadores do evento, Mário Dorminsky. Estão previstas palestras, workshops, exposições e várias conferências. Sob o mote "O Futuro Agora", o Fantasporto vai pensar na evolução da arte e também da ciência.
O Fantasporto 2012 arranca a 20 de Fevereiro com o filme "Shame" de Steve McQueen e termina a 4 de Março com a exibição de "This Must be the Place" de Paolo Sorrentino. Os bilhetes podem ser comprados nos locais habituais ou via internet. Podem consultar a programação do festival no site do mesmo em: http://www.fantasporto.com/programacao





sábado, 18 de fevereiro de 2012

'Tá bem 'tá #6

Chris Birch (agora)
Um jogador de rugby galês de 26 anos, chamado Chris Birch, sofreu um derrame num acidente durante um treino, quando tentou um back flip e quebrou o pescoço.
Mas após a sua recuperação, deixou o seu emprego como caixa de um banco para se tornar num cabeleireiro, passou a odiar desportos, terminou o seu noivado e começou a namorar um homem. Antes do acidente, o Sr. Birch estava a pensar em se casar com a namorada e passava os fins de semana a praticar desporto e a beber com os seus amigos.
Chris Birch (antes)
Quando recuperou os sentidos após aquele fatal evento, segundo ele, "era gay, quando  acordou e ainda é". Reclama que nunca se tinha sentido atraído por homens antes e que nem sequer alguma vez teve nenhum amigo homossexual, mas após o acidente passou a "odiar todas as coisas sobre a sua antiga vida e não conseguia estar com amigos, odiando o desporto e a achar o trabalho chato."  
Começou a se preocupar mais com a aparência (ele era um skinhead com 120   kgs. de peso), oxigenou o cabelo e passou a treinar num ginásio, pesando agora cerca de 70 kgs. Para além disso passou a trabalhar como cabeleireiro e foi viver com um homem de 19 anos que conheceu num clube nocturno.
De acordo com o porta-voz da Associação de Prevenção de AVC's, Joe Korner: "Durante a recuperação o cérebro faz novas conexões neurais que podem desencadear coisas que as pessoas não tinham conhecimento anterior, tal como um sotaque, ou talvez uma sexualidade diferente."
Chris Birch admite que não é nada parecido com o Chris velho agora, mas que não mudaria nada, dizendo-se mais feliz do que nunca e que não se arrepende do acidente.
É caso para dizer que se isto não nos faz pensar em tomar medidas para prevenir os AVC's não sei o que fará!...

Melhor publicidade de sempre #8

Apesar de aparentemente os criativos publicitário poderem recorrer a quase tudo, desde o humor negro, ao nitidamente polémico, com o objectivo final de vender as marcas que os contratam e criar uma campanha de marketing de sucesso, nem tudo passa a necessária filtragem que impede que o mau gosto ou o excesso tenha que ser visto nos espaços reservados à publicidade nas nossa televisões. E ainda bem, sigo-o eu, porque já chega de tanto lixo que nos impingem nas programações dos canais. Contudo, há anúncios que são banidos porque acharam que a ideia era demasiado "forte" para os mais sensíveis, que às vezes é uma pena que assim seja. Nesse espírito, trago aqui alguns anúncios que foram proibidos de ir para o ar. 
Primeiro, um que iria ser incluído no lote de escolhidos para passar durante o Super Bowl deste ano, mas acabou de fora por ser demasiado controverso. É de uma marca de preservativos e a ideia é que se usássemos uma forma de prevenir certas gravidezes, talvez não houvessem alguns individuos indesejados para a sociedade, aí em circulação...  
Depois, uma publicidade a uma companhia de seguros, com uma versão muito mais "gay" da história de Adão e Eva, que foi considerada perniciosa por mexer com valores religiosos e sexuais ao mesmo tempo. Finalmente, um anúncio banido da X-Box, que leva a noção da competição um pouco longe demais...

Anúncio preservativos (nome da marca retirado)

Anúncio Central Beheer

Anúncio X-Box

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Crítica DVD - La Piel Que Habito

Pedro Almodovar
Começo por dizer que não sou daqueles que elogiam o realizador Pedro Almodovar como se este fosse excepcionalmente bom. Por vezes parece-me que há pessoas que caem no goto dos críticos e depois quase que podem fazer o que quiserem que nunca mais caem em desgraça. Não que Almodovar o tenha feito, pois a sua carreira é composta de uma série de filmes interessantes, com a temática sexual a ser quase uma constante, quiçá lhe dando a necessária polémica que faz com que os tais críticos decidam que o seu trabalho é "sempre genial". Dito isto, vejo os seus filmes com o espírito sem pré-condicionalismos e não o idolatro sem que ele efectivamente faça por o merecer.
Ao saber que este filme, "La Piel Que Habito" (The Skin I Live In, em inglês) era mais um do realizador espanhol, esperei pelo final para opinar devidamente. Honestamente, não sendo brilhante, é um filme bastante bem conseguido. Não só pela presença do seu actor icónico, António Banderas (que supostamente foi lançado por Almodovar, bem como Javier Bardem ou Penélope Cruz...), que tem um papel excelente como o Dr. Robert Legard, sob quem gira a trama do filme, mas também pela sensual Elena Anaya, que se bem já tenha participado em filmes tais como "Van Helsing", parece querer aproveitar também o "Efeito Almodovar".

O argumento é surpreendente, sendo que não planeio estragar o filme a quem o vai ver, abstendo-me de o descrever muito. Posso apenas dizer que a história é original e tem uma vertente psicótica interessante que me recorda os "filmes-vingança", do coreano Chan-Wook Park ou, mais familiarmente, "Kill Bill", de Tarantino.
Trata-se de um médico (Banderas) que se especializa na criação de pele por métodos artificiais e vive obcecado com recuperar a sua vida familiar que perdeu quando a sua mulher ficou horrivelmente deformada num incêndio e a sua filha perdeu o juízo em virtude dessa tragédia. Adiciona-se a dose de sexualidade, típica dos filmes deste realizador e é basicamente isto!
Só me pareceu que perde um pouco a nível dos actores de segundo plano, mas nunca afectando muito a história que é contada por tranches, até termos o completo quadro que o realizador e também argumentista deste filme nos pinta.
Resta-me dizer que este filme ganhou há alguns dias o prémio BAFTA, do cinema britânico, na categoria "Melhor Filme Estrangeiro", o que dá ainda mais prestígio a esta película, que merece ser vista.

Músicas de uma vida - Indigo Eyes

Peter Murphy
Nos tempos áureos da música de inícios da década de 80, com a sua musicalidade excêntrica que trazia ao lume bandas com uma sonoridade estranha que seria designada por indie, mas também alguns dos êxitos musicais mais deprimentes que fazem com que a música dessa época não possa ser julgada olhando para um top de vendas, havia um grupo musical que marcou essa era, mas que, sinceramente, nunca me apelou. Sei que vou cometer um crime àqueles que se revêm nos meus gostos musicais, mas o facto é que nunca fui fã de Bauhaus. Pronto! Está dito. Peço desculpa, mas é verdade. Simplesmente, não sei bem porquê, mas nunca me fascinaram. No entanto quando o vocalista, Peter Murphy, deixou a banda para seguir um projecto a solo, fiquei imediatamente fascinado pelo seu primeiro trabalho, mas seria a partir do segundo álbum, "Love Hysteria", de 1988 que a voz deste bardo dos tempos modernos entraria para o meu top musical pessoal, sendo reafirmada com o trabalho seguinte, "Deep", um ano mais tarde.
Desde então, já tive o prazer de ver por três vezes ao vivo este músico que após 9 álbuns, um EP e uma colectânea de êxitos, continua igual a si mesmo, um pouco excêntrico, mas definitivamente genial.
Com muitas músicas possíveis para escolher, fico-me pela que inicialmente me cativou, desse trabalho, no já longínquo ano de 88, tema que se intitula "Indigo Eyes"...