Pedro Almodovar |
Começo por dizer que não sou daqueles que elogiam o realizador Pedro Almodovar como se este fosse excepcionalmente bom. Por vezes parece-me que há pessoas que caem no goto dos críticos e depois quase que podem fazer o que quiserem que nunca mais caem em desgraça. Não que Almodovar o tenha feito, pois a sua carreira é composta de uma série de filmes interessantes, com a temática sexual a ser quase uma constante, quiçá lhe dando a necessária polémica que faz com que os tais críticos decidam que o seu trabalho é "sempre genial". Dito isto, vejo os seus filmes com o espírito sem pré-condicionalismos e não o idolatro sem que ele efectivamente faça por o merecer.
Ao saber que este filme, "La Piel Que Habito" (The Skin I Live In, em inglês) era mais um do realizador espanhol, esperei pelo final para opinar devidamente. Honestamente, não sendo brilhante, é um filme bastante bem conseguido. Não só pela presença do seu actor icónico, António Banderas (que supostamente foi lançado por Almodovar, bem como Javier Bardem ou Penélope Cruz...), que tem um papel excelente como o Dr. Robert Legard, sob quem gira a trama do filme, mas também pela sensual Elena Anaya, que se bem já tenha participado em filmes tais como "Van Helsing", parece querer aproveitar também o "Efeito Almodovar".
O argumento é surpreendente, sendo que não planeio estragar o filme a quem o vai ver, abstendo-me de o descrever muito. Posso apenas dizer que a história é original e tem uma vertente psicótica interessante que me recorda os "filmes-vingança", do coreano Chan-Wook Park ou, mais familiarmente, "Kill Bill", de Tarantino.
Trata-se de um médico (Banderas) que se especializa na criação de pele por métodos artificiais e vive obcecado com recuperar a sua vida familiar que perdeu quando a sua mulher ficou horrivelmente deformada num incêndio e a sua filha perdeu o juízo em virtude dessa tragédia. Adiciona-se a dose de sexualidade, típica dos filmes deste realizador e é basicamente isto!
Só me pareceu que perde um pouco a nível dos actores de segundo plano, mas nunca afectando muito a história que é contada por tranches, até termos o completo quadro que o realizador e também argumentista deste filme nos pinta.
Resta-me dizer que este filme ganhou há alguns dias o prémio BAFTA, do cinema britânico, na categoria "Melhor Filme Estrangeiro", o que dá ainda mais prestígio a esta película, que merece ser vista.
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