Este será certamente o filme mais recente que critico pois acabei de vê-lo esta semana. A história de um toxicodependente que se deixa absorver por um mundo decadente de drogas psicadélicas e sexo fácil, numa cidade de Tóquio convertida ao deboche e à vida nocturna. A morte e a possibilidade de reencarnação para uma alma que se recuse a partir e procura uma "porta de reentrada" para voltar a estar com aqueles que ama.
Posto desta maneira o argumento, até parece um filme interessante, mas a realização de Gaspar Noe deixa a ideia que não só o filme fala de trips psicadélicas, como provavelmente foi escrito e realizado durante uma.
A sequência inicial do filme "Enter The Void" é filmada do ponto de vista do protagonista, Óscar, como se a câmara fossem os seus próprios olhos. Não é demasiado original se recordarmos alguns videoclips musicais que já usaram esse estratagema (lembro-me de Smack My Bitch Up, dos Prodigy, por exemplo), mas o realizador vai ao ponto de simular o pestanejar da personagem. Mais tarde, como "alma penada" grande parte do filme é visto por câmaras a planar as diversas cenas como visto pelo espírito de Óscar. Não me insurjo contra a forma como foi filmado, até porque achei interessante, mas sim com a bizarra e fraca história que não ajudam a aceitar um filme com 161 Minutos(!), sem que dê uma enorme vontade de dormir.
Demasiado ênfase ao sexo, ao consumo de drogas e a uma história meio incestuosa de dois irmãos não têm nenhum propósito senão manter a aura de realizador polémico de Gaspar Noe, de forma a que se possa auto intitular de "artista" ou de "visionário", quando na realidade não parece ser nem uma coisa nem outra, mas sim mais um tipo que não quer ter um emprego normal e quando lhe perguntam na rua o que faz, responde: "Sou realizador"...
Resumidamente só encontro uma utilidade para que se veja este filme: para que mais tarde nos juntemos num grupo de amigos a discutir o quanto detestamos tê-lo visto!
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