quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Crítica DVD - The Tree of Life


A Terra já existe há milhões e milhões de anos. Entrementes surgiu a vida e com ela a nossa espécie, parte integrante da Natureza deste planeta. Nascemos, crescemos, morremos e o significado de estar vivo persegue-nos e desorienta-nos. O que somos nós senão um compósito do nosso ADN, das nossas experiências de vida, a nossa educação, os nossos laços afectivos...

Na América dos anos 50 (uma nostálgica referência já usada pelo realizador), uma família vive numa pequena localidade texana e rege-se afincadamente por valores morais conservadores e puritanos. Rígido na sua forma de impor estes valores, o pai (Brad Pitt) faz o possível por ajudar na educação e desenvolvimento dos seus três filhos, com a ajuda da mãe (Jessica Chastain). Mais tarde, são forçados a lidar com a perda de um dos filhos e a conviver com essa dor e a necessidade de seguir em frente enquanto o filho mais velho, Jack (Sean Penn), procura coexistir com as dúvidas sobre a fé e a existência e os resquícios do seu conturbado desenvolvimento, perda de inocência e a relação conflituosa com o pai.  Este seria o resumo simplista e limitativo do argumento de "The Tree of Life".
Mas temos que reconhecer a existência de um filme repleto de simbologia e conceptualismo que Terrence Malick argumentou e realizou, criando um dos filmes mais complexos e singulares que já vi. Com uma filmagem magnífica e uma fotografia de extrema beleza, torna-se um deleite visual, acompanhado de músicas perfeitas, mas não estou tão certo quanto ao resultado final como filme de entretenimento.
Esta película poder-se-à dizer que caminha numa ténue linha entre um filme extremamente aborrecido e a obra de arte verdadeiramente artística. Mas nesse aspecto não me atrevo a opinar, pois não sou apreciador de arte e aceito a subjectividade da mesma. Mas ainda assim inclino-me para uma mistura das duas teorias e declaro este filme "uma aborrecida obra de arte" que deve ser visualizada sob o efeito de fortes alucinógenicos para o realmente apreciar!

Posso admitir que no final, me tocou a síntese do que Malick deixa subentendido ser o significado da vida: Crescer, multiplicarmo-nos e morrer, reintegrando a Natureza da qual nunca deixamos de fazer parte. E depois ficam as memórias, as pessoas que tocamos, as coisas que fizemos, tais como o simples acto de plantar uma árvore...
Malick não se livrou no entanto de ser coberto de críticas de ser um pretencioso visionário, de fazer filmes só para si e que faz questão ninguém entenda por mais que tente (que fez muita gente abandonar cinemas durante este filme e a pedir o seu dinheiro de volta nas bilheteiras).  Seja como for, não é uma película que deixe ninguém indiferente (se conseguir ve-lo até ao fim sem adormecer): ou se ama ou se odeia, pelo que se compreende ter sido intensamente vaiado pela audiência em Cannes, mas ao mesmo tempo ter ganho a Palma D'Ouro este ano...
Agrada aos pretenciosamente eruditos críticos, mas nem por isso às audiências pagantes...
Numa nota final, destaco o papel do jovem Hunter McCraken, no difícil papel do jovem Jack, um actor que aparenta prometer bastante.

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