Seria inimaginável não homenagear aqui o aniversário de ontem do cineasta Manoel Cândido Pinto de Oliveira, sucintamente conhecido a nível mundial por Manoel de Oliveira, que atingiu a marca dos 103 anos e continua a fazer do cinema a sua vida ainda hoje.
Realizador mais velho do mundo em actividade, autor de trinta longas-metragens (com mais duas a sair em 2012), Manoel de Oliveira nasceu no seio de uma família da alta burguesia nortenha, de origens da pequena fidalguia. Aos vinte anos foi para a escola de actores fundada no Porto por Rino Lupo, o cineasta italiano ali radicado, e um dos pioneiros do cinema português de ficção. Tem então a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro — "Douro, Faina Fluvial" (1931) foi o seu primeiro filme, que suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado dos críticos nacionais.
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios da Kodak, na Alemanha mas só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador adaptando o conto "Os Meninos Milionários", de Rodrigues de Freitas, filma "Aniki-Bobó (1942)", um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto.
Daí até aos dias de hoje mais de 50 curtas, longas metragens e documentários se seguiriam.
Manoel de Oliveira insiste em dizer que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reacção dos críticos. Apesar das múltiplas condecorações em alguns dos festivais mais prestigiados do mundo, tais como o Festival de Cannes, Festival de Veneza ou o Festival de Montreal, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta.
Já trabalhou com reconhecidos actores internacionais tais como Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni, John Malkovich, Michel Piccoli, Irene Papas, Chiara Mastroianni, Lima Duarte ou Marisa Paredes.
Em 2008, ao completar cem anos de vida, foi condecorado pelo Presidente da República e actualmente, aos 103, prepara-se para lançar mais um filme, "O Gebo e a Sombra", que será a sua 31ª longa-metragem.
Amado por muitos pela sua experiência e longevidade, detestado por alguns pelo lento sentido de acção das suas peliculas, Manoel de Oliveira jamais sairá da história do cinema mundial.
Fica aqui um excerto do final do seu épico filme, que relata a infância vivida nas ruas do Porto: "Aniki Bobó":
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